CRÔNICA DE MIM (1)
Fiz
sim, Técnico em Enfermagem! No segundo grau, Instituto, com direito a não
jantar pois não dava tempo. Era banho ou janta, eu preferia o banho depois de
um dia de BRADESCO.
Entre
uma doença e outra, um pouco de português, que era das matérias tradicionais, a
única que resistiu até o fim do curso.
Em
sala 21 alunos, sendo um homem, um gay e o restante da sala, mulheres/meninas. Um
dos meus mais queridos professores, Zé Luis, que tinha o curioso apelido de
Goiaba. Grande incentivador e conhecedor profundo das matérias,
Enfermeiro
de Saúde Pública, conhecia pra caralho todas os segredos desta profissão.
Gostava
de fotografia, música e poesia, era dos meus.... Lembro-me dele falando de
Joana, Elba Ramalho e Amelinha dizendo:
-
Sabe Silvia, essas meninas ainda ficarão famosas...
Um
dia ele levou uma máquina fotográfica, sabe aquelas com lentes de metros???? Me
chamou junto da lousa e mandou uma das meninas pro fundo da sala.
Colocou
a câmera em minhas mãos, focava e mandava eu olhar. Acrescentava mais uma
lente, focava e mandava eu olhar. Fez isso até que no foco estava apenas a íris
da menina, que era de um azul profundo
Quando
saia da aula, às 22:40hs, além da lua, quem me acompanhava era meu amigo gay, que
hoje mora lá, junto da lua. Ele ia me contando seus sonhos e falava das coisas
que gostava mesmo de fazer. Bordava, cuidava do jardim, era jeitoso com cabelos
e maquiagens. Era muito culto, adorava ler! Levamos altos papos por essas ruas
da nossa cidade....
Eu
andava muito por aqui; do Instituto de Educação até a Rua Conselheiro Antônio Prado,
era uma pernada e tanto. A gente não precisava ter medo, a cidade era de paz, a
escuridão não trazia os perigos que hoje encontramos, aliás, que encontramos
mesmo a luz do dia.
Não
sei o que aconteceu com o resto da turma, nem com outros professores...
Também
nem tenho mais aquela paixão pela Enfermagem, fui roubada! Ou talvez, me deixei
roubar...
Isso
é coisa dos dias atuais...
Texto e foto: Silvia Ferrante
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