segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

CRÔNICA DE MIM (1)

CRÔNICA DE MIM (1)

Fiz sim, Técnico em Enfermagem! No segundo grau, Instituto, com direito a não jantar pois não dava tempo. Era banho ou janta, eu preferia o banho depois de um dia de BRADESCO.
Entre uma doença e outra, um pouco de português, que era das matérias tradicionais, a única que resistiu até o fim do curso.
Em sala 21 alunos, sendo um homem, um gay e o restante da sala, mulheres/meninas. Um dos meus mais queridos professores, Zé Luis, que tinha o curioso apelido de Goiaba. Grande incentivador e conhecedor profundo das matérias,
Enfermeiro de Saúde Pública, conhecia pra caralho todas os segredos desta profissão.

Gostava de fotografia, música e poesia, era dos meus.... Lembro-me dele falando de Joana, Elba Ramalho e Amelinha dizendo:
- Sabe Silvia, essas meninas ainda ficarão famosas...
Um dia ele levou uma máquina fotográfica, sabe aquelas com lentes de metros???? Me chamou junto da lousa e mandou uma das meninas pro fundo da sala.

Colocou a câmera em minhas mãos, focava e mandava eu olhar. Acrescentava mais uma lente, focava e mandava eu olhar. Fez isso até que no foco estava apenas a íris da menina, que era de um azul profundo

Quando saia da aula, às 22:40hs, além da lua, quem me acompanhava era meu amigo gay, que hoje mora lá, junto da lua. Ele ia me contando seus sonhos e falava das coisas que gostava mesmo de fazer. Bordava, cuidava do jardim, era jeitoso com cabelos e maquiagens. Era muito culto, adorava ler! Levamos altos papos por essas ruas da nossa cidade....

Eu andava muito por aqui; do Instituto de Educação até a Rua Conselheiro Antônio Prado, era uma pernada e tanto. A gente não precisava ter medo, a cidade era de paz, a escuridão não trazia os perigos que hoje encontramos, aliás, que encontramos mesmo a luz do dia.

Não sei o que aconteceu com o resto da turma, nem com outros professores...
Também nem tenho mais aquela paixão pela Enfermagem, fui roubada! Ou talvez, me deixei roubar...


Isso é coisa dos dias atuais...


                              Texto e foto: Silvia Ferrante

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