quarta-feira, 5 de abril de 2017

“CENAS DA INFÂNCIA”



Éramos quatro crianças no quintal da casa da minha avó: eu, minha irmã Lília, a vizinha, Telma e meu primo Paulo.
Aquele quintal era rico em aventuras. A velha parreira era a caverna que explorávamos buscando tesouros; as galinhas, monstros terríveis a nos aterrorizar.
A jabuticabeira era nossa nave mãe e lá íamos nós “Perdidos no Espaço”. Varávamos o dia brincando, sempre uma nova aventura. Uma pane na nave, a captura por um ser alienígena, o sumiço de um dos tripulantes, era tudo muito bom.
Eu e a vizinha sempre disputávamos a atenção do coitado do nosso comandante.
A coisa ficava feia algumas semanas do ano, em que nossa nave era tomada por seres de outro planeta. Eram seres pequeninos que infestavam nossa nave de cima abaixo. Tinham a forma de bolinhas pretas que nós destruíamos vorazmente uma a uma. Eram doces nossos invasores. Na grande maioria das vezes, acabávamos com eles sem problemas, a não ser uma dorzinha de barriga causada pelo exagero da “destruição”. Porém, nossos invasores tinham aliados perigosíssimos, chamavam-se marimbondos, eram navezinhas que zumbiam e que tinham armas extremamente doloridas, ai de quem não se cuidasse, era picada na certa e choro por vários minutos.
Em baixo da jabuticabeira, ficava Rumba, a cachorra boxer do meu tio Paulo (como tinha Paulos nessa família...). Rumba era uma santa criatura que aturava pacientemente nossas estripulias e participava ativamente de muitas delas. Até nos ajudava a destruir os doces inimigos.

Que delícias as jabuticabas da casa da minha avó!

Texto e foto: Silvia Ferrante       

                              

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