Éramos quatro crianças no quintal da casa da minha avó: eu, minha irmã
Lília, a vizinha, Telma e meu primo Paulo.
Aquele quintal era rico em aventuras. A velha parreira era a caverna que
explorávamos buscando tesouros; as galinhas, monstros terríveis a nos
aterrorizar.
A jabuticabeira era nossa nave mãe e lá íamos nós “Perdidos no Espaço”.
Varávamos o dia brincando, sempre uma nova aventura. Uma pane na nave, a
captura por um ser alienígena, o sumiço de um dos tripulantes, era tudo muito
bom.
Eu e a vizinha sempre disputávamos a atenção do coitado do nosso
comandante.
A coisa ficava feia algumas semanas do ano, em que nossa nave era tomada
por seres de outro planeta. Eram seres pequeninos que infestavam nossa nave de
cima abaixo. Tinham a forma de bolinhas pretas que nós destruíamos vorazmente
uma a uma. Eram doces nossos invasores. Na grande maioria das vezes, acabávamos
com eles sem problemas, a não ser uma dorzinha de barriga causada pelo exagero
da “destruição”. Porém, nossos invasores tinham aliados perigosíssimos,
chamavam-se marimbondos, eram navezinhas que zumbiam e que tinham armas
extremamente doloridas, ai de quem não se cuidasse, era picada na certa e choro
por vários minutos.
Em baixo da jabuticabeira, ficava Rumba, a cachorra boxer do meu tio
Paulo (como tinha Paulos nessa família...). Rumba era uma santa criatura que
aturava pacientemente nossas estripulias e participava ativamente de muitas
delas. Até nos ajudava a destruir os doces inimigos.
Que delícias as jabuticabas da casa da minha avó!
Texto e foto: Silvia Ferrante
O texto é lindo! Nós leva prs esse tempo em que a vids era sómente magia.
ResponderExcluirE a foto, linda!
Obrigada querida! Beijos
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