NO
PAÍS DA (DES)CULTURA
Poderia
falar mil coisas sobre o Show de ontem no Theatro Municipal. Ver a aflição
inicial e depois a alegria esparramada da minha amiga Célia Bertoldo, a
concentração e a expectativa dos cantores convidados, a atenção geral da orquestra,
o nosso brilhante Maestro Agenor e seu inseparável Maestro adjunto J Lobo,
ambos regendo com muito amor, coisa de quem está ali porque quer estar. Ver
nosso Theatro cheio, porque todos sabiam que seria mais um espetáculo grandioso,
o papo rápido com amigos queridos, que havia tempos não encontrava....
Porém,
ontem, três coisas me marcaram profundamente: a afinação e a beleza que é
Júnior Almeida, a garra da Lia Figueiredo; que mais uma vez estava ali,
mandando seu recado, num eterno recomeçar, que faz parte da vida. A voz e a
interpretação do Lucas Cozzani, magnífico em sua apresentação da Balada por un
Loco do genial Piazzola, que me arrancou lágrimas e enfim da minha profunda
tristeza em saber, pelo desabafo emocionado do Maestro Agenor, que aquela seria
a última apresentação da Jazz Sinfônica de São João...
Como
pode? Uma obra prima dessas não deveria se acabar nunca. Um corpo musical que
leva consigo inúmeras almas artistas, que traz em seu seio corações embriagados
da Luz que as melodias espalham.
Fiquei
pensando na injustiça de tudo o que temos visto, e essa é, com certeza, uma
delas.
Adoraria
ter algum poder, algum dinheiro, qualquer coisa que pudesse salvar esse nosso
Patrimônio....
Não
tenho nada disso, tenho apenas as lágrimas que ainda insistem em correr pela
minha face, enquanto o meu coração apertado, declara seu luto….
Texto/foto: Silvia Ferrante
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